Em uma certa aula de Artes,uma ex-professora minha começou a mostrar o filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, e desde então esse livro foi para o top da minha lista de procurados, e para variar, coisa que nunca acontece, não conseguia achá-lo nas bibliotecas, afinal não dá comprar livros assim para bibliotecas enquanto tem gente ainda presa a livros como Crepúsculo que inspira pensadores.
Depois de algum tempo achei o livro, mas esse era o de Thomas Kenelly, que escreveu o livro em forma de romance, o qual foi inspiração para o cineasta fazer o filme; ainda não tinha sido dessa vez que adquiri o livro. Alguns meses ou semanas depois o meu aniversário chegou e como todo mundo sabe aqui, eu tenho um certo problema com livros, eles me escolhem sempre que passo perto, então me falaram para escolher um para ganhar de presente, e esse foi o escolhido, passeando pela livraria do shopping achei esse que não era o mesmo que tinha visto o do Kennely, mas sim do judeu Mietek Pemper, homem que trabalhou no escritório com Göth, um nazista extremamente violento. Já não tinha como mudar de ideia, o livro me escolheu.
Antes de efetivamente escrever essa resenha, quero que saibam que esse livro não é um romance como o de Kennelly, mas sim o relato de um judeu que sobreviveu ao Holocausto e ajudou a salvar milhares de vidas ao lado de Oskar Schindler, este livro tem um toque sutil e ao mesmo tempo pesado: a realidade dos fatos narrados, nada foi inventado ou exagerado.
Mietek Pemper era um jovem judeu comum, como tantos outros na Cracóvia, conseguiu uma licença e estava em duas faculdades ao mesmo tempo e já antes da guerra ele narra os traços do nazismo e preconceito que não nasceram pelas mãos de Hitler, já estavam (e ainda estão presentes) nas mentes das pessoas. Pemper relata que na faculdade, lugar onde pessoas deveriam ser mais compreensivas e livres de tais preconceitos, os judeu eram impostos a certas regras como a de que deveriam sentar-se em determinadas carteiras, claro, eles se negaram, mas esse era apenas os primeiros traços de uma época que marcou toda a história.
Depois de serem forçados a morarem em guetos, com horário de retorno e trabalho forçado, os judeus ainda assim não faziam ideia do que estava por vir. Auschwitz para os detentos era o nome de mais um lugar, que para eles era como tantos outros, para lá iam vagões repletos de crianças e velhos, diziam para os familiares que esses estariam a caminho da construção de trilhos para trens, mas aos poucos eles ficaram sabendo que não existiam obras e mesmo assim os vagões ainda voltavam vazios e cheirando a carne queimada.
É neste contexto que Pemper viveu seus anos de juventude e nos quais conheceu Oskar Schindler, um homem que não era santo, mas nesse época como o próprio autor disse as pessoas afloraram suas caracteristicas, umas viravam anjos outras demônios, Schindler era o anjo ao contrário de Göth.
Göth era nazista convicto e extremamente violento, Pemper contou que as vezes enquanto ele o ditava cartas e documentos, afinal essa era a função a qual o judeu foi destinado, trabalhar para esse monstro, o seu “chefe” levantada e ia até a janela atirar, o pobre detendo só ouvi os gritos e ao voltar, o homem fazia a simples pergunta: “Onde paramos?” como se nada tivesse acontecido. Ao ler o livro fiquei me pergunto a respeito da família destes nazistas e logo achei um trecho que me deu uma leve noção de como era essa relação, em umas das cartas a mulher do membro da SS (Göth) o contou que seu filho estava batendo em sua irmã mais nova, então ele responde a esposa: “tal pai, tal filho, o menino está seguindo os passos do pai”.
Depois de ler o livro fiquei pensado e cheguei a esta conclusão simples e pessoal: se não fosse por Mietek Pemper Schindler não teria conseguido reunir todos aqueles detentos juntos, famílias unidas, até o final da guerra, todos teriam sido mortos, foi com a ajuda de Pemper que olhava em documentos oficiais, algo que era impossível para os nazistas, já que ele não deveria ter se quer chance se aproximar deles… Mas não foi o que aconteceu. Foi com a ajuda de Pemper, que descobriu que somente os campos de concentração que eram “decisivos para a vitória”, ou seja, de armamentos, eram os campos que não seriam exterminados. Schindler conseguiu através de sua fábrica e a amizade que matinha com os nazistas, fazer listas nas quais ele escolhia os judeus, famílias inteiras foram salvas.
Um outro fato no livro que me surpreender foi quando o autor contou sobre um certo subordinado de Göth que se negou a matar mãe e filho, que foram encontrados com documentos falsos em outro país vizinho, a ordem era para fuzila-los, e o jovem que segundo Pemper tinha a aparência de um perfeito nazista: alto, forte, loiro de olhos claros, disse não, não conseguiria fazê-lo. A ordem foi cumprida por outro subordinado, que no outro dia se sentiu na obrigação de falar com Pemper, que não tivera culpa, que aquilo fora uma ordem… Para o outro soldado também era uma ordem. Pemper conta que haviam soldados que estavam a serviço dos nazistas, mas eles próprios não eram assim, alguns nunca tinham vistos judeu antes e se tiveram, não se lembrava, já que não há nada que diferencie-os de todos.
O livro contem trechos de falas de alguns detentos em julgamentos e outros fatos a mais, que eu não gostaria de estragar contando aqui… Vou terminar esta resenha por aqui mesmo, na verdade nem posso chamá-la de resenha, mas sim de apenas um comentário, este livro não tem como resumir ou fazer um resenha completa, é preciso ler.
Mietek Pemper morreu esse ano aos 91 anos este ano no dia 7/06.